quarta-feira, 8 de novembro de 2017

FALECIMENTO: MORRE EM SÃO PAULO, AOS 87 ANOS, RUY GUARANY NEVES, O DECANO DO JORNALISMO AMAPAENSE


Ruy Guarany Neves
(Foto: Reproduçãoi do blog da Alcinéa Cavalcante)
Morreu por volta das 16h desta terça-feira, 7, em São José dos Campos (SP), o decano do jornalismo amapaense, Ruy Guarany Neves, aos 87 anos de idade, deixando a esposa professora Maria Regina Smith Neves, 82, seis filhos academicamente formados, um grande legado às letras do estado e imensa saudade nos profissionais que o acompanharam em sua trajetória de articulista, primeiramente no Jornal do Dia e, depois, por mais de 20 anos, no Diário Amapá.
Ruy Guarany, como ele era conhecido no jornalismo, lutava contra câncer de próstata. Submetido aos rigorosos tratamentos que a doença requer, nos últimos dias baixara à CTI do Hospital de São José dos Campos, vindo a falecer sob o diagnóstico médico de ‘falência múltipla dos órgãos’. Fonte: Diário do Amapá
INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS
Por Sandra Regina Smith Neves
Numa manhã ensolarada do mês de agosto, em Clevelândia do Norte, Oiapoque, às 11 horas do dia 03 agosto do ano de 1930, nasceu Ruy, filho de Cezarina Guarany Neves e Manoel Cavalcanti Neves. Nasceu em casa, localizada à beira do rio Oiapoque, de cujas janelas se avistava o lado francês e se ouvia o canto do Uirapuru. Criado por sua mãe, de quem herdou a docilidade, e por seu avô materno, Fernando Guarany, a quem todos carinhosamente chamavam de Pai Velho, concluiu as primeiras séries do curso primário na escola pública da vila do Espírito Santo do Oiapoque. Aos 16 anos transferiu-se para Macapá a fim de cursar o ginásio, mas a necessidade de trabalhar o obrigou a concluir o 2º grau muito tempo depois. Aos 50 anos, fez o curso profissionalizante de técnico em Telecomunicações, em nível de 2º grau, através do Ensino Supletivo, com registro no Crea-Pará. Aos 18 anos inicia a sua carreira no serviço público do ex-Território Federal do Amapá como radiotelegrafista. Atuou como noticiarista na recepção de notícias telegráficas para divulgação na Rádio Difusora de Macapá. Autodidata, apaixonado por telecomunicações, e dono de uma inteligência peculiar responsável pelo seu apurado senso de humor, fez desse humor inigualável uma arma contra as agruras da vida, jamais esquecendo, no entanto, de colocá-lo contra as injustiças e a favor da alegria – e acima de tudo – da liberdade de pensamento. No período de 1965 a 1982 exerceu o cargo de superintendente de telecomunicações do Amapá. Autor do Plano de Telecomunicações do Governo do Território, Telefonia em Banda Lateral Singela, presidiu o grupo de trabalho que estudou a viabilidade da televisão em Macapá. Representou o Amapá no I Congresso Brasileiro de Telecomunicações, realizado no Rio de Janeiro, em junho de 1966. Representou o Território no II Congresso Brasileiro de Telecomunicações, realizado em São Paulo, em julho de 1967. Dirigiu os serviços de implantação do sistema de telecomunicações da Universidade Federal de Alagoas (1974). Dirigiu os serviços de instalação do sistema de telecomunicações da Polícia Federal, em São Luís, Belém e Macapá. Em 1972 instalou o serviço de telecomunicações do Incra, na Transamazônica. Em 1974 participou da equipe de técnicos da Maxwel incumbida de instalar a estação geradora de TV, adquirida pelo governo do ex-Território. Como servidor público, frequentou os cursos de telecomunicações por ondas portadoras, Inbelsa, São Paulo; telecomunicações em portadora reduzida, Intraco, São Paulo; telecomunicações em propagação horizontal, Motorola, São Paulo; organização de sistemas, Entel, Rio de Janeiro; especialização em administração profissional, Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Ministério dos Transportes, ministrado em Macapá. Em 1959 frequentou o curso de pilotagem no Aeroclube de Macapá. Foi radioamador classe “A”, filiado à RNR (Rede Nacional de Rádio). Em 1985 presidiu a seccional da Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão, no Amapá. Aposentou-se aos 54 anos. A partir daí, passou a dedicar-se ao jornalismo, tendência que se verificara desde a infância, quando estudante da escola pública em Oiapoque, ao escrever uma crítica à professora, por não concordar com o uso da palmatória nas sabatinas de tabuada. A primeira participação na imprensa aconteceu na década de 1950, no jornal A Notícia. Como articulista do Jornal Amapá, de propriedade do governo do Território, publicou artigos abordando aspectos técnicos relacionados às telecomunicações. De 1993 a 1995 atuou como articulista do Jornal do Dia. Em 1996, passou a atuar no jornal Diário do Amapá, onde permanece até hoje. Além de articulista, durante dois anos assinou a coluna Dito Popular. Por sua atividade jornalística, recebeu o título de Cidadão de Macapá, conferido pela Câmara de Vereadores e dois títulos conferidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, 1995/1996. No livro “Colunistas Brasileiros”, seu nome é destacado entre os melhores formadores de opinião do país. Seus artigos e crônicas tem no humor sua principal característica. Humor mordaz e aguçado que pode possibilitar aos leitores rir da própria história e assim acatar, se necessário, a continuidade salutar da vida. Desde muito jovem percebeu no humor a principal arma para dizer o que deve ser dito, criticar o que deve ser criticado e viver, assim, o que precisa ser vivido. Sempre de forma alegre e doce, o fazer rir é a sua forma de permanecer vivo, sem esquecer dos muitos amigos, parentes e de sua família, sua companheira Regina Smith, sua irmã Lia, seus filhos Sandra, Ruy, Ana Célia, Socorro, Paulo, Fernando e Natasha; seus netos Fernanda, Gustavo, Hanah, Rodrigo, Roberta, Valéria, Victor e Felipe; seu genro Marcos e suas noras Maribel, Margareth e Dayse. Aos 77 anos, detentor de boa visão, costuma dizer que ainda não tem idade para usar óculos. Quando lhe perguntam por que o seu casamento deu certo, sempre responde: “É porque tudo começou no arraial de São José”. Avesso à formação de comissões, costuma dizer que, quando se forma uma comissão para debater determinado assunto, é porque não se quer resolver absolutamente nada. Essa é a forma que encontra de viver sempre, e cada vez mais, o riso da vida e a vida do riso, com uma dose extra de humor. Que o Uirapuru cante cada vez mais alto e forte.
(*) filha do biografado
Fonte consultada: blog da Associação Amapaense de Escritores
Apresentamos à família enlutada sentidas condolências.

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